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Como melhorar o seu solo de viola caipira

vinimunizviola

9 de junho, 2023

melhore seus solos de viola caipira

Você já deve ter passado pela sensação de não gostar do som que num solo de viola caipira, e ouvir outros violeiros e violeiras tocando e ficar se perguntando como eles tem um som tão bonito.

Isso é muito comum.

Aliás, mesmo depois de muito tempo de estudos no instrumento, há momentos em que nos questionamos sobre nosso som e isso é muito saudável. O ponto é saber qual a melhor estratégia para lidar com isso. Quais as práticas devemos focar para dar esse passo seguinte de melhorar nosso som na viola. E acredite, a base para isso é mais simples do que imagina.

Me acompanhe neste vídeo que te mostro, sem enrolação, uma exercício fundamental que te ajudará muito a construir a sua assinatura sonora.

Vamos lá, direto ao ponto:

O som que produzimos na viola caipira depende de alguns pontos-chave:

  1. Características sonoras da construção do instrumento
  2. Qualidade das cordas e ajuste de afinação
  3. Controle do movimento do conjunto: ombro, braço, antebraço, punho, mão e dedos
  4. Controle fino do movimento do dedo
  5. Forma de lixar as unhas

Dos dois primeiros pontos, o que posso te ajudar é:

1. Sobre os cuidados com o instrumento

Independente da viola que você tenha, se for possível, procure um luthier para fazer um ajuste no instrumento.

Ajustar a altura das cordas, espaçamento entre os pares e eventual correção da microafinação do instrumento. Tudo isso ajuda muito.

Além disso, para a proposta que vou apresentar, se possível, coloque cordas novas, assim você saberá exatamente como está soando, pois a resposta sonora de cordas velhas é muito ruim e muitas vezes, só de trocar as cordas regularmente já ajuda muito.

Porém te dou um spoiler. Se você ajusta o que vou dizer a seguir, não importa o instrumento, você vai tirar praticamente o mesmo som. O seu som, a sua assinatura sonora. Continua comigo que te explico.

Agora vamos aos outros pontos-chave que podemos trabalhar juntos.

2. Sobre o controle dos movimentos do braço direito

Melhore seu solo de viola caipira
Controle o conjunto: ombro, braço antebraço, punho, mão e dedos.

E esse é o mais fundamental:
Todo ataque dos dedos nas cordas não começa e nem são controlados apenas pelos dedos da mão direita. É um conjunto que começa no ombro, passa pelo braço, antebraço, punho, mão e por fim se converte no ataque que os dedos realizam. É fundamental desenvolver essa consciência, pois evidentemente esse movimentos são automatizados pelo cérebro o mais rápido possível, mas para tanto é necessário construir essa dinâmica.

A questão aqui é diminuir a tensão desnecessária, para isso, primeiro relaxe seu ombro. Ao soltar seu ombro, seu braço já estará mais pesado (gravidade!).

Transfira esse peso para o corpo do instrumento. Procure apoiar o antebraço de modo que você possa realizar este movimento:

Ou seja, o cotovelo não pode estar enroscando no corpo da viola, pois esse movimento será muito importante para tudo que se toca na viola.

Uma vez ajustado o antebraço, ajustamos o punho e aqui é outro ponto importante, pois, com a técnica sem dedeira, quanto mais dobrado o punho, mais metálico e brilhante tende a ser o som. Escute:

Além disso, conforme o pulso gira para frente, mais grave tende a ser mais grave.
E o contrário, girando o pulso pra dentro, soarão mais as cordas agudas

Guarde essa informação, a usaremos mais à frente.
Mas lembre, mantenha o ombro e braços soltos, o mais relaxados possível.

Agora sobre o movimento dos dedos. Fundamental: O dedo se move por completo. Não pode ser apenas a falange da ponta. É a articulação inteira. Se você não faz assim ainda, pratique isso. Sinta esse movimento. Interiorize-o.

O desafio é controlar esses movimentos. É com esse conjunto que você vai otimizar o seu toque de viola.

Por último a forma de lixar. Mas isso eu vou falar depois.

3. Vamos ao passo a passo

Com essa base podemos trabalhar!

Pegue um papel e lápis.

Passo 1. Escolha um par de cordas soltas da viola (sugiro o 1º par) e você vai tocar com todos os dedos, com um intervalo entre cada um. Assim. Depois faça com todas os pares

Use o jeito que você toca normalmente.

Agora, no papel responda:

Como você descreveria o seu som como um todo?

Por exemplo, metálico, abafado, equilibrado, ardido. Use os adjetivos que façam sentido para você. Tente o mais detalhado possível. Marque os adjetivos que você considera positivo e aqueles que você considera negativos.

Passo 2. Escolha os violeiros e violeiras que você admira e vá escutá-los, pensando nisso: que qualidades sonoras você gostaria de incorporar ao seu som. Faça uma lista desses adjetivos. Lembre, use os adjetivos que façam sentido para você. 

E por que sugiro isso? 

Pois nem sempre é facil definir o som ideal. As vezes é abstrato demais.
Com os anos de experiência, você provavelmente nem precisará desse passo.
Mas se você é iniciante, é um bom caminho. Se inspire em quem você gosta de ouvir.

Passo 3. Vamos cruzar as duas listas e definir conceitualmente o som que você quer ter. Escreva no papel, combinando os adjetivos.

Eu por exemplo. Gosto que meu som seja arredondado, mais aveludado, porém com a possibilidade de ser metálico caso uma música exija isso, com muito pouco ruído de unha, com bom volume, nem muito alto, nem muito baixo. E que o som de todos os dedos sejam mais parecidos entre eles.

E para fazer isso, eu uso um exercício muito simples: Tocar cordas soltas! 

Toda vez que quero ajustar meu som, começo com cordas soltas. 

Aliás eu pratico e recomendo exercitar as cordas soltas todos os dias, antes de começar a tocar pra valer.

Essa prática é comum em quase todos os instrumentos. Alguns chamam de estudo de sonoridade. Por exemplo, um flautista, antes de começar a tocar, faz vários exercícios de notas longas, assim pode controlar a coluna de ar, a embocadura e assim definir o som base para todo o resto que ele precisa tocar.

Aqui é exatamente igual.

Tocando cordas soltas, nosso objetivo é construir cada dia o som que queremos. É com ele que ajustamos toda aquela dinâmica de ombro, braço, antebraço, punho mão e dedos.

E cada uma dessas partes influencia.

Veja só:

4. Construindo seu som de viola caipira

O ombro solto te dá a liberdade de focar a energia no toque dos dedos.

Conforme a posição do braço e antebraço no corpo da viola você define se você quer um som mais metálico, duro, brilhante, ou ao contrário: aveludado, suave.

Com o giro de punho definimos se atacamos as cordas mais de frente ou mais diagonalmente. 

Isso define a aspereza do toque e se será mais duro e estridente

Ou mais suave, porém com um pouco de ruído de unha.

Controlando a velocidade do movimento dos dedos, controlamos o volume, a precisão e a densidade do som. Muitas vezes um movimento muito acelerado pode fazer com que o som esteja estourado.

Por último, a forma de lixar as unhas será definida após todos esses pontos. É a parte final. O acabamento. Um som mais aveludado, por exemplo, exige unhas mais curtas e bem polidas. 

Som com mais volume e mais brilhante, unhas grandes e não tão bem lixadas pode ser uma boa pedida.

Vá lixando pouco a pouco. Toque, ouça e volte a lixar, até chegar no som.

Agora você já sabe quais são os fatores para a construção do som na viola e já também definiu como quer o seu som e qual o exercício ideal para praticá-lo.

A questão é encontrar a combinação ideal desses fatores para você. 

Há uma infinidade de possibilidades… experimente. 

Teste. 

5. Esteja atento ao seu corpo

Pintou dúvidas? Refaça os passos base desde o ombro.
Importante: sempre respeite a estrutura do seu corpo. Não force para posições que podem te causar dor ou incômodo. 

O corpo sempre nos dá a resposta adequada. Ouça-o. Esteja atento e vigilante.

Levando em consideração todos esses pontos, minha sugestão para você é realizar o exercício de corda solta que deixei no link na descrição. Faça esse exercício todos os dias, com calma. Procurando ouvir o som resultante a cada momento, até chegar nos resultados que você busca.

Com essa base, tenho certeza que você vai melhorar muito o seu som. Num primeiro momento, pode ser que seja meio estranho, principalmente se você é iniciante ou nunca praticou dessa forma.

Se você faz aulas, leve essas informações até seu professor e ele te ajudará ainda mais.

Vá pouco a pouco.
Por isso, exercitar as cordas soltas é tão poderoso, pois te dá uma fotografia do seu som em tempo real e te ajuda a focar no que realmente é preciso.

Bom é isso!
Espero ter ajudado. Com certeza faremos mais vídeos sobre técnica de viola caipira. Se vocês quiserem mais informações, coloquem nos comentários que assim posso ajudar.

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Nos vemos na próxima

Um abraço e até lá.

Vinícius

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